Uma pesquisa eleitoral com certeza é um artifício de suma importância para o desenvolvimento de uma eleição, tanto no que se refere aos veículos de mídia, que noticiam todo o processo eleitoral, quanto para os próprios políticos, visto que as pesquisas possibilitam ao candidato mensurar se a campanha em questão está surtindo o efeito inicialmente desejado.
Neste artigo, iremos falar sobre alguns pontos relevantes a respeito de uma pesquisa eleitoral.
Como se faz a pesquisa eleitoral
O método utilizado para se fazer uma pesquisa eleitoral muda de acordo com o instituto encarregado de tal tarefa, pois existem várias formas diferentes de abordagem. O mais comum ao se fazer uma pesquisa é a amostragem não-probabilística. Não se deve confundir a pesquisa eleitoral com um censo, pois este apresenta 100% de confiança e representatividade total da população.
É imensamente dispendioso e trabalhoso para ser feito, tanto é que ele se limita a ser realizado apenas uma vez a cada década. Essa amostragem é uma parcela de pessoas que visa representar a população por meio de classe social; gênero; idade; nível de educação; entre outras coisas, o que possibilita um vislumbre mais amplo do panorama a ser pesquisado.
Para deixar mais claro, imagine a seguinte situação: se é de conhecimento geral que a população de uma cidade, estado ou país é composta por 35% de idosos, por exemplo, a amostragem deverá conter o mesmo percentual de idosos quando a pesquisa for feita. Isso vale para os outros quesitos citados também; ou seja, a amostra deve simular o cenário real das camadas que compõem uma sociedade. Também são levadas em consideração as regiões convocadas. Quando se trata de algo nacional, são abordadas as capitais mais importantes, bem como em eleições estaduais.
As “cidades-chave” sempre se encontram nas listas, enquanto municípios de menor expressão geralmente são escolhidos aleatoriamente.
A amostragem é peça fundamental dentro de uma pesquisa eleitoral. Por mais que sejam passíveis de erros, quanto mais representativa for uma amostra, maior a chance de apontar com precisão a intenção de voto dos eleitores corretamente.
Grande parte das pesquisas eleitorais calculam os resultados baseados em opiniões de mil a 4 mil pessoas, que, caso contenham as características da população integral, podem representar muito bem o que de fato acaba se desenrolando nas urnas no dia da eleição.
Os entrevistados podem ser abordados em suas casas ou na rua. Na primeira, o entrevistador vai de porta em porta procurando pessoas que se encaixem nos perfis selecionados para representarem a população. Nesse caso, o entrevistado responde enquanto o entrevistador vai tomando nota de tudo atentamente. Já na entrevista de rua, os entrevistados são abordados e respondem um questionário com uma pergunta aberta e uma pergunta fechada. Na pergunta aberta, o entrevistado é livre para discorrer sua resposta da maneira como bem entender, enquanto na pergunta fechada ele deve responder direta e objetivamente.
Vale ressaltar que, por mais que a pergunta estimule uma reposta, ela não tem como objetivo induzir uma reação instintiva ou automática do entrevistado, já que as alternativas são dispostas de forma circular, desprezando uma ordem que altere a escolha.
É importante lembrar que não é possível equiparar duas ou mais pesquisas de institutos distintos, mesmo que essas pesquisas tenham sido realizadas na mesma data, pois existem diversos pontos que podem ir de encontro uns com os outros e que abrem janelas para possíveis disparidades, como por exemplo os métodos utilizados, as regiões escolhidas para a pesquisa ou a amostra de entrevistados.
Todos os institutos de pesquisa têm (ou, pelo menos, deveriam ter) um código de ética, que exige que, após a pesquisa eleitoral ter sido realizada, no mínimo 20% das pessoas que foram entrevistadas devem ser consultadas novamente para atestarem suas respostas. É aí que entra o papel do “checador”, que irá revisitar os entrevistados e assim poderá confirmar se as respostas conferem mesmo com os dados colhidos anteriormente. Isso ajuda a diminuir a margem de erro e aumenta a confiabilidade do instituto de pesquisa.
Margem de Erro na Pesquisa Eleitoral
A margem de erro, assim como o nível de confiabilidade do instituto de pesquisa, é delimitada antes mesmo da pesquisa começar. Se quem contrata a pesquisa deseja obter um número menor de margem de erro, uma amostragem maior terá de ser solicitada, para que a representatividade tente se aproximar cada vez mais da realidade.
Quanto menor for a margem de erro, mais cara se torna a pesquisa, pois isso acaba implicando em mais despesas com funcionários, viagens e materiais, entre outras coisas. A maioria das pesquisas fica com uma margem de erro de 3 pontos percentuais acima ou abaixo do apresentado.
Isso significa que um candidato com 30% das intenções de votos pode na verdade ter 27 ou 33% dessas intenções. O nível de confiabilidade pode se basear na margem de erro, pois quanto menos se erra, mais confiável a pesquisa acaba se tornando.
Uma pesquisa eleitoral é considerada séria quando o nível de confiabilidade é de pelo menos 95%, ou seja, em 100 pesquisas, 95 delas apresentam uma previsão que condiz com o resultado final, e apresentará esse resultado 95% das vezes se ela for repetida novamente.
A influência de uma pesquisa Eleitoral no Planejamento
Ao contrário do que se imagina, as pesquisas eleitorais não são feitas apenas em época de eleição. Elas são feitas com uma certa regularidade, que analisam a satisfação do povo a respeito dos candidatos eleitos nas últimas eleições, e medem o nível de popularidade e reprovação dos mesmos.
Cenários que antecipam as eleições e procuram saber quem seria eleito em um determinado momento também são consideradas pesquisas eleitorais, como por exemplo, “em quem você votaria caso a eleição fosse amanhã? ”. Esses tipos de pesquisa nem se comparam com as realizadas em período eleitoral, que muitas vezes chegam a ser feitas todos os dias, mas são ferramentas importantes para o funcionamento das engrenagens políticas e midiáticas.
Benefícios ao fazer a pesquisa eleitoral
Uma pesquisa eleitoral é algo que beneficia diversas partes. Os institutos de pesquisa lucram com os trabalhos feitos; os políticos podem acompanhar o marketing de suas campanhas e mudar suas estratégias dependendo do que a pesquisa apontar; os conglomerados de notícias aumentam suas vendas e circulação com as pesquisas, o que consequentemente atrai mais público para os debates que são produzidos posteriormente; e os eleitores podem ter uma base sobre em quem votar, bem como se seu candidato está indo bem; a pesquisa pode influenciar o voto, visto que um candidato pode não receber votos simplesmente porque não apresenta uma quantidade significativa de intenções na pesquisa.
Com essa visão mais ampla sobre as pesquisas, agora você pode ficar mais atento em períodos de eleição; mas lembre-se de votar com consciência e acompanhar de perto seu candidato antes e depois de conceder a ele seu voto.